segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A Tela '

Minha emoções são pincéis da qual pinto minhas paisagens, posso colorir minha pele opaca, retocar meu sorriso, usar a cor preferida da minha lembrança, ou perguntar as meninas dos meus olhos, quais as cores que tem minha íris, preciso pintar, redesenhar meu eu, ser feliz, me sentir perfeita diante do "Artista Maior", por isso me envolvo em cada cor, cada luz, cada toque de tinta para expressar, se meu toque é forte ou suave. Às vezes emanada de tingida pelo viver, eu estendo meus braços frágeis e leve, para tocar fora da Tela, e sinto o estonteante cheiro de tinta, como fragrância de madeira recém cortada, me vejo viva, viva para ver o lugar que almejo estar, quero pintar meus sonhos, o vento, o ar, o sol acariciando os rios, se possível até a melodia silenciosa que ele canta, ao tocar nas pedras. Parece impossível reproduzir tal som, como posso pintar o ar, o ofegar, assim como é impossível desejar, e não viver, como posso pintar sonhos? Sou real, sou realeza, às vezes viajo nas asas da esperança, mais como mendiga da vida, quando retorno sou rainha, então rasgo as Telas da minha vida, e os pincéis de espinho do meu padecer, flores aonde está esse seu perfume? Desejo e preciso sentir o cheiro no ar, dar vida em minhas Telas, minhas veias. Num manchar de tinta, me sinto pulsar, vaguear, olho ao redor, não estou mais presa na Tela... 
Estou viva... 
Estou voando... 
A tribulação se foi...O vermelho permaneceu, pelo cheiro não é tinta, é meu sangue, sangue me trazendo de volta a vida, toco na moldura dos meus ossos, os tons são claros, suaves pastéis, esguios são meus braços, minha paspatur, a pequena falsa moldura, a reconheço, finalmente meus pés tocam a terra firme e seca, posso caminhar, Que Saudades, molho o chão seco com minhas lágrimas felizes... E por um instante toco na Tela vazia em branco, vejo meu sonho de viver resgatado, pacto concluído, meu paladar saliva o desejo da gordura do trigo, me fartar do mel do meu quintal, subir na minha árvore... Vou abrir a boca e encher a terra com a minha própria voz, para que todos ouçam, que vivo por gratidão, gratidão que me ensinou a pintar minhas dores, na Tela da minha alma, e tingir de varias cores minhas dores, estendo meus dedos, e toco nos meus sonhos. 
Estou na Terra, não na Tela... 

01/01/2055.

3 comentários:

  1. Vejo em suas palavras um novo universo, que me encanta por tamanho toque de puros sentimentos, que ás vezes a vida sufoca-os e me faz esquecer-me de sua beleza... Deste puro sentindo de se viver... VIVER AH VIVER QUE BELO PRESENTE DIVINO!!!
    TE AMO...

    ass thiago

    ResponderExcluir
  2. A profundeza dos fortes sentimentos e desejos expressos nessa tela,traduz de forma vívida o que temos no seu, (nosso) íntimo!!!

    Relevo.. obrigada pela postagem!! Amei desde que ouvi pela primeira vez!! Amoooo Bjos no seu coração!!

    ResponderExcluir
  3. TELA _Expressão do viver, do pulsar,do sentir...
    sonho não, mas realidade nas mãos do 'Artista Maior'.

    ...Realmente há coisas impossíveis de pintar -
    como a sua beleza interior .

    ResponderExcluir